segunda-feira, 8 de junho de 2009

ARTIGOS SOBRE O TEMA

Estresse é o principal vilão de doenças psicossomáticas

Saúde Mental - A abordagem dos pacientes nos consultórios médicos revela como as doenças ainda são vistas de forma isolada pela medicina.
E foi justamente a desilusão com essa prática que motivou a psicóloga Carla Oliveira Cruz Ribeiro, de 29 anos, a procurar outros tratamentos que pudessem, além de dar fim às fortes gripes, identificar as causas desse mal que a acompanhou desde menina. E ela conseguiu. Há quatro anos, Carla deixou de consumir a interminável lista de antibióticos receitados pelos médicos e que nunca resolveram a questão. “Eu passava dois terços do ano doente. Desde que nasci foi assim”, lembra. Mas não era de remédio que ela precisava.
“Só quando fui capaz de fazer a associação entre a minha ansiedade e as gripes é que o problema foi resolvido”, diz. Assim como Carla, as vítimas das doenças psicossomáticas aumentam a cada dia e o motivo é simples. Quando não suporta a pressão, o corpo dá os seus sinais e eles podem se manifestar na forma de uma simples dor de cabeça, de uma irritação na pele ou até mesmo no desenvolvimento de um câncer. O principal vilão é quase sempre o estresse.
Gerador de ansiedade e angústia, ele castiga as populações, principalmente dos centros urbanos. Mas é a estrutura de cada um que determina em que parte do corpo o problema vai se manifestar e com que intensidade. Os sintomas e as doenças variam conforme a personalidade e o modo de encarar a vida que cada um adota. “Gotinhas” fornecidas pela homeopatia foram importantes aliadas na vida de Carla. Mas o melhor remédio, de ação mais duradoura e eficaz, foi mesmo o autoconhecimento.
“A doença traduz um desequilíbrio do organismo. Para me livrar dela, tive que aprender a ter mais paciência comigo, a perceber minhas limitações e possibilidades. Hoje não me cobro tanto e, conseqüentemente, vivo melhor”, afirma.

Disponível em: http://www.scielo.br
A influência do afastamento por acidente de trabalho sobre a ocorrência de transtornos psíquicos e somáticos
Por Elizabethe Cristina Borsonello

RESUMO
O presente estudo teve como objetivo verificar a associação entre o afastamento por acidente de trabalho e a ocorrência de ansiedade e de depressão, averiguando se houve desencadeamento de transtornos somáticos e/ou transtornos nas relações sociais dos indivíduos. Em todos os casos estudados, constatamos que houve aumento significativo de sintomas após o afastamento e que o retorno ao trabalho foi impossibilitado devido à persistência da patologia e ao desenvolvimento de outras manifestações. Assim, o afastamento pôde ser considerado um estímulo estressor, pois além de causar transtornos psíquicos provocou alterações orgânicas.

Trabalho e manifestações psicossomáticas
No mundo de hoje, em decorrência da contínua evolução da ciência e da tecnologia, deparamo-nos com uma sociedade onde há predominância do homem como massa, em detrimento do homem como indivíduo (Kubler-Ross, 1987).
No ambiente de trabalho, Dejours (1987) aponta dois tipos de sofrimentos fundamentais: a insatisfação e a ansiedade que acompanham o indivíduo que realiza tarefas com graus diferentes de complexidade.
O trabalho envolve demandas de necessidades individuais e organizacionais em sintonia . Quando elas não são atendidas, as vinculações pessoa-empresa modificam-se e criam-se processos patogênicos de adaptação como o desligamento da empresa, a perda de promoções ou o isolamento na carreira profissional, provocando a formação de conflitos (Rodrigues & Gasparini, 1992).
O homem é capaz de responder não só às ameaças concretas como também a situações como quebra de laços familiares e da estrutura social, privação de necessidades básicas, separação, perda de emprego, aposentadoria, entre outros.
Por isso, a Psicossomática estuda o homem como ser histórico, constituído por corpo, mente e suas interações com o meio, levando-se em conta sua totalidade para melhor entender os processos de adoecer. Nesse caso, as doenças psicossomáticas representariam um mecanismo de defesa, no qual o sujeito transforma o problema psicológico em fisiológico.
O sofrimento é controlado pelas estratégias defensivas, para impedir que se transforme em patologia. Quando há uma falência ou uma deficiência nesses sistemas defensivos, aparecem as neuroses, psicoses e depressões e/ou sintomas orgânicos, desencadeando uma queda no desempenho produtivo. A exclusão imediata do trabalho passa a ser percebida como punição. Se diversos operários descompensam, a chefia intervém diminuindo o ritmo de trabalho, isto é, bastaria diminuir a pressão organizacional para que manifestações de sofrimento desaparecessem.
Parece que o sofrimento mental e a fadiga são manifestações proibidas no trabalho. Só a doença é admissível e, dessa forma, a consulta médica disfarça o sofrimento mental, que é aliviado com psicoes-timulantes ou analgésicos. Dessa forma, tenta-se deslocar o conflito homem-trabalho para um terreno mais neutro e com a medicalização, desqualificando o sofrimento.
A organização do trabalho não determina a doença mental, porém poderia deixar inscritos seus efeitos enquanto uma explicação do que chamaríamos de “Síndrome Subjetiva Pós-traumática”. Segundo Dejours, essa síndrome “caracteriza-se por uma grande variedade de problemas funcionais, ou seja, sem substrato orgânico, ou pela persistência anormal de um sintoma que apareceu depois do acidente” (Dejours, 1987, p: 123).
Esses sintomas persistem após a cicatrização de uma ferida, a consolidação de uma fratura ou a cura de uma intoxicação aguda sob a manifestação orgânica de desconforto em relação à área afetada.
Toda essa sintomatologia funciona como impedimento para o retorno ao trabalho. Nesse sentido, o acidente aparece como elemento desencadeador desse quadro, refletindo o caos encontrado na organização do trabalho.
Dessa forma, o trabalhador acidentado “percebe” o risco da sua tarefa, e excluído da ideologia ocupacional enfrenta o perigo, o medo e a impotência que isso gera no cumprimento da tarefa. Assim, continuará produzindo sintomas que caracterizam a “Síndrome Subjetiva Pós-traumática” para evitar o retorno ao trabalho.
Essa realidade faz com que o trabalhador procure caracterizar seu sofrimento mental, como o medo ou a ansiedade, como doença mental, já que somente a doença mental permitiria a aquisição de um estado de invalidez reconhecida pela organização do trabalho.
“É essa a lógica da organização do trabalho, que só permite que o sofrimento mental deixe sua máscara no final de sua evolução: a doença mental caracterizada” (Dejours, 1987, p: 125).

Ansiedade e depressão
Inúmeros estudos demonstram que o conflito entre as metas e as estruturas de uma empresa e as necessidades individuais, quando em discordância, tornam-se um agente estressor importante. Desse modo, as necessidades do sujeito não são atendidas ou consideradas, tornando o local de trabalho um ambiente gerador de ansiedades, insatisfações e podendo ocasionar a depressão. Assim, o acidente de trabalho seria uma forma inconsciente encontrada pelo trabalhador para evitar o conflito existente na relação homem-empresa, que produzem estados de ansiedade e insatisfação.
Quando o indivíduo não tem sua auto-percepção desenvolvida, fica impossibilitado de alcançar o equilíbrio, passando a apresentar sinais nocivos de ansiedade que podem levá-lo à exaustão e à formação de sintomas psicossomáticos, podendo desenvolver a patologia psicossomática (Knobel, 1984).
Todos os casos de ansiedade apresentam sintomas psicológicos e somáticos. Dentre os psicológicos estão apreensão, medo, desespero, sensação de pânico, hipervigilância, irritabilidade, fadiga, insônia e dificuldade para se concentrar. Os sintomas de origem somática são: dor de cabeça e lombar, causada pelo aumento da tensão muscular, palpitação devido aos movimentos mais vigorosos e rápidos do coração, sudorese emocional, principalmente nas mãos, sensação de bolo na garganta devido à maior tensão dos músculos do pescoço, boca seca, náusea e vazio no estômago, além de falta de ar e tontura, estas últimas conseqüentes a hiperventilação, tremores e fraquezas.
Outro aspecto a ser ressaltado é que alguns indivíduos enfrentam melhor determinada situação que outros, e tal fato relaciona-se com a história de vida de cada pessoa, ou seja, de suas experiências passadas, educação, sexo, idade, personalidade, etc. (Andrade, 1989).
Vários neurotransmissores estão envolvidos no processo de ansiedade e/ou depressão e na geração dos seus sintomas, principalmente na neurotransmissão serotonérgica e noradrenérgica, assim como os fatores ambientais e estressores psicossociais que permeiam a vida dos trabalhadores no ambiente de trabalho.
A depressão está relacionada com situações de perda física ou afetivas, e é caracterizada por um grande contingente de sintomas que podem incluir sentimento de tristeza, auto depreciação, desvalia, abandono, culpa, desesperança, idéias de suicídio, apatia, incapacidade de sentir prazer e mesmo uma angústia que suplanta qualquer experiência humana normal e possui um caráter emocional extremamente doloroso. Além destes sintomas, o quadro é acompanhado, geralmente, de alterações físicas como distúrbios de sono, do apetite, da função sexual, perda ou ganho de peso e retardo ou agitação psicomotora. É freqüente a ocorrência de outros sintomas físicos, tais como, obstipação intestinal, indigestão, urgência miccional, dificuldade respiratória e dor.
Nesse contexto, o acidente de trabalho, apesar de poupar o indivíduo de condições que geram ansiedade e insatisfação, o coloca em situações de perdas: perda salarial, afastamento do convívio com os colegas de trabalho (separação social), sentimento de inutilidade e conflitos familiares, além de outros sintomas.
Palavras-chave: Acidente de trabalho, Ansiedade e depressão.

Disponível em: zafelis@hotmail.com

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