segunda-feira, 8 de junho de 2009

NOTÍCIAS NA MÍDIA

TRANSTORNOS PSICOSSOMÁTICOS
Dr. Primo Paganini Neto. Médico Psiquiatra.

Um transtorno psicossomático é uma condição na qual uma doença física é causada ou piorada por fatores psicológicos. Um exemplo muito simples que podemos perceber em nossos dia a dia é que a ansiedade, o estresse ou conflitos no trabalho, na família ou em nosso meio social podem determinar uma série de mal estares. São mais comuns do que pode ser esperado, podendo representar mais de 70% dos casos de pacientes que procuram auxílio médico, o que tem profundo impacto no tratamento a ser adotado.
Pessoas com problemas cardíacos, como anginas ou arritmias, podem ter uma piora de suas doenças por choques psicológicos, podendo até evoluir para situações graves (uma característica comum a essas pessoas é a agressividade, irritabilidade e intolerância à frustração, sendo até denominadas de pessoas do tipo A, com maior risco para doenças coronarianas).
Os asmáticos costumam ter aumento de crises ou piora delas em situações de conflitos, podendo estar mais susceptíveis a desenvolver alergias e infecções respiratórias.
Há aqueles que pioram artrites ou outras doenças do tecido conjuntivo por simples mudanças emocionais.As dores de cabeça são exemplos típicos de doenças psicossomáticas.As pessoas que possuem pressão alta (ou hipertensão), por descarregarem altas cargas de um hormônio chamado de adrenalina podem descompensar sua doença.Há as doenças inflamatórias como gastrites, colites que costumam piorar com o estresse diário.
Por vezes até o sistema endocrinológico pode sofrer por influência do emocional, como no caso das doenças de tireóide e do diabetes.É clássica a observação de que há aqueles indivíduos que apresentam alergias cutâneas em momentos de muita ansiedade.A obesidade de fundo orgânico muitas vezes pode piorar por fatores psicológicos, pois comer pode aliviar temporariamente a ansiedade.No caso das úlceras (que até possuem uma bactéria causadora, o H. pilori), há aumento de secreção de dois hormônios, a gastrina e o ácido clorídrico, pelas paredes de estômago, o que podem causar sua destruição.
Várias são as teorias que tentam explicar a causa disso, como aquela que diz que uma porção de nosso sistema nervoso, chamada de autônoma (não lhe temos acesso), passa a liberar muitas substâncias que só deveriam surgir nas situações chamadas de reações de alerta (imagine quando vivíamos na selva e devíamos fugir do ataque de um animal).
Há um eixo hormonal conhecido como hipofisário-adrenal, que libera um hormônio estressante conhecido pelo nome de cortisol, que causa muitas lesões em nossos sistemas orgânicos; assim, há uma alteração na nossa homeostasia (equilíbrio do meio interno), o que nos deixa vulneráveis a infecções ou outros transtornos.
A anatomia envolvida parece ser mediada por regiões como córtex cerebral, sistema límbico (que é intermediário entre reações instintivas e emoções), hipotálamo, medula adrenal, sistema nervoso simpático e parassimpático, utilizando substâncias como adrenalina, cortisol e tiroxina.
O diagnóstico de doença psicossomática só pode ser feito se há uma doença identificável por exames médicos ou clínicos e, nitidamente, houve uma piora da mesma por eventos psicológicos relacionados temporalmente ao surgimento do problema.
Deve-se tomar muito cuidado para que não se confundam doenças orgânicas que apresentam como primeira manifestação doenças psíquicas. Muitas doenças como câncer (é clássica a manifestação depressiva inicial do carcinoma de pâncreas), AIDS, problemas glandulares e doenças auto imunes podem se apresentar inicialmente como depressões, ansiedades, psicoses, agitações, insônias, inseguranças, irritabilidade, alucinações, paranóias ou pânico.
É muito importante que seja realizado o diagnóstico diferencial das doenças psicossomáticas com outras doenças de origem puramente psíquica, pois falta a estas últimas a identificação de uma lesão patológica demonstrável ou previamente conhecida.Vários são os exemplos, acometendo predominantemente mulheres.
No caso do transtorno da somatização (incidência de 1%), há sempre queixas físicas que nunca são identificadas em exames físicos e não possuem bases orgânicas demonstráveis conhecidas (queixas de dores de cabeça, musculares, abdominais, sexuais, náuseas, vômitos, labirintites, paralisias, convulsões). Nesse caso, os pacientes passam por vários especialistas antes que o diagnóstico de problemas psíquicos seja feito (e muitas vezes não há aceitação do mesmo).
Há ainda os transtornos conversivos (incidência de 10%), em que parece haver uma mudança do funcionamento do organismo, sugerindo-se uma doença, mas não existe uma relação entre sintomas e anatomia ou características da doença tradicional (importante frisar que isso não é intencional, indicando importante conflito interno psicológico).
O transtorno dismórfico corporal consiste na preocupação com um defeito imaginário que é exagerado (um exemplo é o de uma pessoa que possui pernas fortes e imagina que aquilo é gordura, e de que está se tornando uma pessoa obesa, ou de um homem que possui mais pêlos do que os outros e passa a imaginar que está com alguma doença muito grave que causa a formação desse excesso de pêlos).O hipocondríaco (10% de toda população médica) é aquele que tem excesso de preocupação com doenças físicas, mesmo que todos os exames mostrem que tudo está normal.
Os transtornos dolorosos são aqueles em que a dor parece muito maior do que o esperado para uma doença física, como em casos de alguns pacientes com artrite ou problemas ortopédicos, não seguindo uma distribuição anatômica padrão.Deve-se citar o transtorno factício (atinge 10% de homens que procuram ajuda médica), no qual os sintomas são produzidos intencionalmente para que haja um ganho secundário; isso indica doença psíquica, e não preguiça ou falta de vontade. Às vezes o diagnóstico é muito difícil de ser feito, pois devem ser descartadas todas as causas mais graves antes de tudo. A simulação implica a necessidade de evitar uma situação desagradável, como trabalho, julgamentos, pagamento de pensões alimentícias.
Esses sintomas devem ser valorizados, analisados com cuidado, com muito respeito, pois quem os apresenta está passando por um sofrimento muito grande. O profissional deve estar preparado para identifica-los e dar o encaminhamento correto para o paciente.Há vários tipos de tratamento, que podem consistir em vários tipos de terapia (individual, de família, de grupo) existentes, uso de medicações e combinações de ambos.
As doenças psicossomáticas são muito comuns, devendo seus portadores ser tratados com a atenção dispensada a qualquer paciente, lembrando que são as doenças psiquiátricas como ansiedades e depressões as principais causas de licenças médicas, afastamentos de trabalho e aposentadorias precoces.
Dr. Primo Paganini Neto. Médico Psiquiatra.

Disponívelem : http://gballone.sites.uol.com.br/news24.htm#6



Desavenças médico-paciente e doença psicossomática
Doutora:
Maria Falcão

Na semana passada, recebi um e-mail engraçado. Era uma lista de 9 coisas que os pacientes fazem e que irritam os médicos (não cito fonte pois não faço idéia de qual seja ela!). Dentre todas, destaco 4 que achei particularmente divertidas, por já ter me visto em situações semelhantes. São elas:
1 - Nunca responda diretamente às perguntas. Caso o médico pergunte se você teve febre, diga que teve tosse. Conte tudo detalhadamente, começando, se possível, desde quando você ainda era criança.
2 - Leve sempre 3 crianças com você (nem precisa serem seus filhos), especialmente aquelas que mexem em tudo, sobem nos móveis e ficam fazendo perguntas no meio da consulta. Combine, previamente, com uma delas, para quebrar o termômetro do médico.
3 - Quando o médico perguntar que remédio você está tomando, diga que não se lembra do nome, mas "que é um comprimido branco" e que você está pensando em parar porque não está funcionando e está "atacando o estômago" como, aliás, todos os comprimidos que você toma. Aproveite para pedir uma "injeção".
4 - No retorno da consulta, inicie com: "Estou pior que antes". Aproveite para incluir, no relato, novas queixas. Diga que você passou por um farmacêutico, muito antigo e muito conceituado no bairro que a sua tia mora, e ele resolveu trocar os remédios.
Antes que as críticas comecem a pulular no meu e-mail - e também para compensar o leitor que se sentir ofendido com a brincadeira -, optei por elaborar uma lista semelhante, com as coisas que mais incomodam os pacientes, nos médicos. Para isso, recorri mais uma vez ao bom recurso da enquete com amigos e colegas de trabalho.
Não propriamente para a minha surpresa, a lista dos pacientes deu de lavada na dos médicos. Foram muuuuitas queixas. E elas vão desde a longa espera nas ante-salas dos consultórios - que, aliás, foi o que apareceu com maior freqüência - até criticas à linguagem nada simplória dos profissionais, para a qual os pacientes ainda têm que ficar fazendo cara de conteúdo.

Além da espera, outras 3 apareceram aos montes: os pacientes ODEIAM ter o diagnóstico de virose, principalmente quando saem do consultório sem uma prescrição de medicamento; têm verdadeiro horror aos atendimentos de 5 minutos; e têm "instintos primitivos" despertados quando as suas dores e tensões são "taxadas" de doença psicossomática ou, mais especificamente, estresse.
Diante de tais revelações, aproveito para dar alguns esclarecimentos e, quem sabe, tornar as idas ou saídas dos consultórios mais amigáveis! Sobre as duas primeiras críticas, vou ser breve. O diagnóstico de virose é, sem duvidas, um dos mais corriqueiros na prática médica. Gripes, resfriados, diarréias, dores musculares e mais uma porção de problemas são causados por vírus, dos mais variados.
O caso é que, diferentemente de infecções por bactérias, para as quais usamos antibióticos no tratamento, não há medicamentos específicos para combater os vírus. E como, em geral as infecções são auto-limitadas, ou seja, nosso próprio organismo se encarrega de resolvê-las, o tratamento para as viroses se restringe a repouso e hidratação.
Claro que, para algumas doenças causadas por vírus, como é o caso das hepatites e da aids, alguns medicamentos mais potentes têm que ser utilizados para tentar conter os estragos causados. Essas doenças, entretanto, não têm o caráter auto-limitado das viroses mais simples e mais corriqueiras.
No caso do atendimento em 5 minutos, me nego a fazer comentários. Sei da correria nos postos de saúde, nas emergências, nas clínicas e hospitais, mas ainda sou da opinião de que se é pra fazer mal feito, melhor não fazer.
Sobre as doenças psicossomáticas, vou me estender um pouco mais na explicação. Hoje em dia, essas condições têm sido diagnosticadas com muita freqüência. Mas será que essa coisa de doença psicossomática existe mesmo? A resposta é sim, existe.
São doenças que podem ser causadas ou ter os seus sintomas agravados por aspectos psíquicos. São problemas reais, que apresentam sintomas também reais, detectáveis e verificáveis aos exames clínicos, mas cuja origem está no psiquismo.
Há quem diga que, de certa forma, toda doença tem um componente psicológico - o que pode até ser verdade, não sei. Entretanto, nas doenças psicossomáticas, a influência do estado emocional no desencadeamento ou na evolução da doença é mais evidente. Claro que existem aqueles casos de simulação ou hipocondria. Essas situações são, contudo, "desmascaradas" nos exames, que não vão detectar alterações ou sinais de doença.
Acredita-se que as doenças psicossomáticas funcionem como válvula de escape para emoções e sentimentos com os quais os indivíduos não conseguem lidar. Isso porque as emoções são "coordenadas" por um complexo sistema chamado Sistema Límbico, do qual fazem parte várias estruturas cerebrais, dentre elas o hipotálamo. Esse último controla a temperatura corporal, o apetite e o balanço de água no corpo, além de ser o principal centro da expressão emocional e do comportamento sexual. Está diretamente ligado a uma glândula - a hipófise. Juntos, o hipotálamo e a hipófise controlam praticamente todas as funções do organismo.
Assim, quando o estado emocional não vai bem, há uma espécie de descompensação hormonal e liberação de neurotransmissores que, agindo sobre determinados órgãos, resultam em problemas, tais como: cefaléia, gastrites e úlceras, doenças da pele, cólicas, hipertensão arterial, e até doenças auto-imunes como o lupus.
Os sinais de doença psicossomática estão quase sempre associados a situações de abalo emocional. Por exemplo, gripes sucessivas em um período depressivo, crises asmáticas ou hipertensão após aborrecimentos ou sustos, dores de cabeça diárias e problemas no trabalho, herpes e problemas financeiros, etc.
Para o tratamento, é necessário que haja um acompanhamento psicológico. A recuperação do estado de equilíbrio e da auto-estima é favorável. Assim, práticas como a meditação, yoga e relaxamento são bem vindas. Fora isso, o tratamento deve ser específico para cada sintoma ou doença, como nos casos tradicionais. Ou seja, medicamentos como os anti-ácidos para as gastrites, anti-hipertensivos para a hipertensão, pomadas a base de corticóide para dermatites.
Espero ter sido convincente ao ponto de, em caso de doença psicossomática ser o seu diagnóstico numa futura consulta, você acreditar que o médico não está subestimando o seu problema. Mas caso não tenha conseguido atingir esse propósito, e você continue achando que essas doenças são maneiras do médico se ver livre de você, sugiro: na próxima vez que você se vir nessa situação, diga que você vai atrás de uma segunda opinião. Isso vai deixar o médico possesso e ao menos no mau humor vocês vão ficar quites!

Disponível em :
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1040345-EI6618,00-Desavencas+medicopaciente+e+doenca+psicossomatica.html

Um comentário:

  1. Olá,
    Gostaria do email do Drº Primo Paganini.
    Sou Elisa e trabalhamos juntos na Organon.
    Grata
    email elisagues@hotmail.com

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